Wednesday, July 25, 2007

Entrevista a Jorge Palma

– Dava para viver do dinheiro que ganhava na rua?

Uns dias corriam melhor que outros. Às vezes só dava para pagar o hotel. Noutros dias até podia comer ostras. Mas dava sempre para beber umas cervejas num café em Saint Antoine onde os músicos de todo o Mundo se encontravam: da Malásia, do México, de África, gente de todo o Mundo. Era a liberdade total. A única responsabilidade era gozar a vida, uma ‘obrigação’ que vinha do simples facto de estarmos vivos.

– Que histórias?(historias sobre os amigos)

Namoramos muito, quase sempre por telefone. Se estiver a ouvir um disco deles (do Janita, do Sérgio Godinho ou dos Da Weasel) mando-lhes uma mensagem, mesmo que sejam cinco da manhã. Faço muito isto. É uma espécie de namoro. E quando nos encontramos é uma festa. Os meus amigos têm muita pachorra: às vezes torno-me chato. Mas já se sabe, a conversa é como as cerejas...


Nunca acordava teso no dia seguinte?(dia a seguir as noitadas em Paris)

Muitas vezes. Mas tinha crédito no hotel. Acordava tarde, descia cá abaixo e tomava um pequeno-almoço que na verdade era também o almoço: comia geralmente uma omelete de cogumelos com fiambre e bebia um panaché – uma mistura de cerveja com Seven-Up. Eles sabiam que ao fim do dia vinha com dinheiro e pagava sempre.


– Mas consegue pôr o travão a tempo de evitar danos maiores?


Há o tal ponto limite mas, de facto, às vezes passo um bocadinho para lá. Mas quando quero tenho travões, porque a vida me ensinou. O momento de meter o travão é quando não me lembro do que fiz no dia anterior. Aí é a altura de mandar parar o baile, até porque já não se está a curtir. Então, passo uns dias a beber água e chá. Só que muitas vezes acontece não apetecer parar: até pode estar toda a gente sem dormir há dois dias, sem dizer coisa com coisa, com os olhos amarelos, mas apetece continuar assim...


Esta entrevista foi publicada no Correio da Manhã...

1 comment:

Anonymous said...

Não dava para viver do dinheiro que ganhava na rua... alimentava-se a charros...